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Bela Feldman Bianco

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"Ser imigrante é ter o passado no presente, e se reinventar a todo momento” 

Nascida na cidade de São Paulo, Bela Feldman-Bianco vem de uma família de imigrantes  judeus ucranianos de Kiev e poloneses de um shtetl perto de Varsóvia . Cresceu  no Bom Retiro, um bairro de imigrantes.

Sua formação humanista se deu no âmbito de sua família e das instituições de judeus de esquerda do bairro onde cresceu,em especial no Clube Infanto-Juvenil .LL.Peretz que funcionava na Casa do Povo. A presença marcante da migração, representada pela profusão de símbolos do passado anterior à migração expostos na casa de sua avó paterna,  influenciou a construção de seu olhar de antropóloga. Essa influência é evidente  na pesquisa que realizou  sobre a Saudade  e que a levou a decifrar  os significados de tempos e espaços do passado rural na terra natal  na vida cotidiana de migrantes portugueses em uma cidade industrial americana

Bela Feldman-Bianco se graduou em 1966, em Ciências Sociais, pela Universidade de São Paulo (USP),durante a ditadura  civil- militar brasileira que teve início com o Golpe Militar de 1964.  A promulgação do Ato Institucional nº 5, conhecido como AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, - considerado o momento mais duro do regime -, deu margem à uma conjuntura que era, segundo ela,  muito difícil  para os que lutavam contra o regime ditatorial. Essa foi uma das razões que  a levaram a   viver nosEstados Unidos da América.

Ao chegar em New York, vislumbrou a possibilidade de dar continuidade aos seus estudos. Após muita reflexão, decidiu realizarmestrado e doutorado em Antropologia na Universidade de Columbia (1970-1980). Posteriormente, fez um pós-doutorado em História, na Universidade de Yale(1984-1985), ambas nos EUA

Com extensa atuação profissional entre o Brasil, Estados Unidos e Portugal, Bela Feldman-Bianco  iniciou sua trajetória acadêmica em 1980 na Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, logo após a defesa de sua tese de doutorado.. Embora tenha se aposentado em 2010, continua ativa como professora colaboradora, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e também ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, ambos na UNICAMP.

Foi  uma das fundadoras  e a  primeira diretora (1996-2013) do Centro de Estudos de Migrações Internacionais (CEMI/IFCH/Unicamp),onde continua a atuar como diretora adjunta. Logo após a criação do CEMI, liderou a concepção do projeto integrado Identidades: Reconfigurações de Cultura e Política – Estudos das  Migrações Transnacionais de Pessoas, Símbolos e Capitais, com o qual se tornou a primeira antropóloga a receber financiamento na I Edição do Programa de Apoio aos Centros de Excelência (PRONEX/ Ministério de Ciência e Tecnologia, 1996-1984) No contexto desse projeto, recebeu  em 2001, o Prêmio Zeferino Vaz de Excelência Acadêmica do IFCH/Unicamp  

Sua incursão na área de migrações transnacionais se iniciou quando ocupou a Cátedra de Estudos Portugueses da   University of Massachusetts Dartmouth, EUA, (1986 - 1991). Naquele  período,  criou o Portuguese Oral History Project através de oficinas com estudantes e, ao mesmo tempo, desenvolveu extensa pesquisa etnográfica. entre os portugueses do sudeste de Massachusetts. Além de publicar uma   série de artigos sobre a pesquisa em andamento, realizou a  premiada etnografia visual Saudade, 57 (Watertown: Documentary Educational Resources, 1991). No contexto dessa pesquisa, também se tornou investigadora associada do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (1989-2001.  Em 1998, voltou. à UMass Dartmouth  para ocupar a cátedra Hélio e Amelia Pedrosa/ Fundação Luso-Americana (1998.) Foi também pesquisadora-visitantena Brown (1998-1999), e na Universidade de New Hampshire, (2001) onde finalizou a edição  do dossiê temático “Colonialism as a Continuing Project” por ela organizado e publicadona revista Identities: Global Studies In Culture and Power, no.4., Vol.4, 2001Mais recentemente foi pesquisadora associada do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (2019-2024),  junto ao projeto The Color of Labor: The Racialized Lives of Migrants.  No âmbito desse projeto, organizou com C.Bastos e M. Moniz  a coletânea Migration, Mill Work and Portuguese Communities in New England, a sair pela Editora da UMass Darmouth ,  

Suas pesquisas e inúmeras publicações focalizam questões relacionadas à cultura e ao poder, com ênfase em identidades, migrações transnacionais, colonialismo/ pós-colonialismo e globalização em perspectiva comparativa. Entre outras distinções, recebeu o Prêmio Roquete Pinto por suas contribuições à antropologia brasileira (ABA, 2014),o Prêmio ANPOCS de Excelência Acadêmica Gilberto Velho (2017), tendo também ocupado a Cátedra UNESCO/Memorial da América Latina em 2015. Atualmente, é pesquisadora sênior do  CNPq, com o projeto integrado Desloca(Migra)mentos.  

Bela Feldman-Bianco também ocupou importantes cargos e posições de destaque no Brasil e no exterior. Foi representante da Área de Antropologia e Arqueologia da  CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2005-2007); Membro do  Comitê Acadêmico de Ciências Sociais do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2008-2011); Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (2011-2012); Co-coordenadora do Grupo de Trabalho  Migración, Cultura y Política ( Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais, CLACSO ,2010-2013) e do World Anthropological Council, da Associação Americana de Antropologia (2012-2015). Foi ainda .coordenadora do Comitê Migrações e Deslocamentos da Associação Brasileira de Antropologia (2013-2019); Membro do Comitê Acadêmico da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (2019-2020)  e do do Comitê de Avaliação de projetos da Wenner Gren Foundation (2020-2022),entre outros. Desde 2015, representa a Sociedade Brasileira de Progresso à Ciência (SBPC) no Conselho Nacional de Imigração (Ministério da Justiça e Segurança Pública e, é membro eleito do Comitê Diretor do World Council of Anthropological Societies (WCAA), onde representa a Associação Brasileira de Antropologia (2022-2025), com assento no Conselho da World Anthropological Union (WAU). Faz também parte de conselhos de revistas publicadas no Brasil e exterior.            

 

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