Mais conceitos
Cidadania Global
Bela Feldman recorre também ao conceito de cidadania global, de modo a reforçar o direito do imigrante à uma cidadania universal, de fronteiras livres, que permita a esses indivíduos o direito à livre circulação, seja onde estiverem, desde o nível local ao global.
Fonte
Feldman-Bianco, B. (2020). "Cidades imigrantes, cidades cosmopolita | Pensar o Futuro". < Disponível em: https://youtu.be/8L-HnL1i3O8 >. Acesso em 08.09.2020.
Nacionalismo Português
O nacionalismo português fundamenta-se na supremacia da raça lusa, demandando a manutenção exclusiva da cultura, nacionalidade e língua portuguesa. No entanto, a lei de nacionalidade portuguesa de 1985 transforma essa concepção. Baseada nos “direitos às raízes” e, portanto, em laços de “sangue” e ascendência, a lei facilitou a incorporação da diáspora na remodelagem de Portugal como uma nação pós-colonial desterritorializada.
Fonte
Feldman-Bianco, B. (1993). Múltiplas Camadas de Tempo e Espaço: a construção de classe. etnicidade e nacionalismo entre imigrantes portugueses, 09/1993, Revista Crítica de Ciências Sociais, Vol. S/N, Coimbra, Portugal.
Transnacionalismo
Aqui o transnacionalismo vem definido como um processo social, onde os migrantes operam em campos sociais que ultrapassam fronteiras geográficas, políticas e culturais. Dessa forma, considera-se os portugueses provenientes dos Açores, Portugal continental, Cabo Verde e Madeira, que chegaram a Nova Inglaterra, como transmigrantes. Através de uma análise histórica Bela Feldman também notou que desde de a década de 70, ocorria uma espécie de intensificação de antigas, assim como a emergência de novas formas de conexão e identificação com Portugal.
Fontes
Feldman-Bianco, B.; Abram, S. (2018). Anthropology and ethnography: the transnational perspective on migration and beyond, 02/2018, Etnográfica (Online), Vol. 22, Fac. 1, pp.195-215, Lisboa, Portugal.
Feldman-Bianco, B. (2011). Una conversación sobre transformación de la sociedad, migración transnacional y trayectorias de vida, 04/2011, Crítica y Emancipación, Vol. 5, pp.9-42, Buenos Aires, Argentina.
Identidade Transnacional Portuguesa (Portugalidade Na Diáspora)
Refere-se à manutenção e renovação da identidade e nacionalismo lusófonos. Ao reconstruir práticas sociais associadas ao seu passado agrícola, por ex. hortas, o fazer do vinho, costura, bordados e festas folclóricas, os transmigrantes portugueses encontraram uma maneira de enfrentar a monotonia do trabalho industrial, ao mesmo tempo que reconstruíam ou ajudavam a renovar a portugalidade nos bairros étnicos em New Bedford. A concessão de direitos de dupla nacionalidade e cidadania pelo Estado pós-colonial aos seus emigrantes reconheceu e estimulou a renovação de uma identidade transnacional portuguesa.
Fontes
Feldman-Bianco, B. (2009). A Taste of Portugal: Transmigração, Políticas Culturais e Mercantilização da Saudade em tempos neoliberais, 03/2009, Ler História, Vol. 1, pp.105-119, Lisboa, Portugal.
Feldman-Bianco, B (1993). The construction of immigrant identity: the case of the Portuguese of Southeastern Massachusetts (co-autoria de Donna Huse), 09/1993, People and Culture in Southeastern Massachusetts - vol V, Vol. S/N, EUA.
Nacionalismo Territorializado
O nacionalismo territorializado refere-se à construção dos sujeitos legítimos de direitos, ao mesmo tempo em que promove políticas de incentivo à naturalização (à "americanização") no país. Dessa maneira, imigrantes e descendentes foram confrontados com a necessidade, por exemplo, de escolher entre continuarem portugueses ou se tornarem cidadãos americanos e se assimilarem.
Americanização
O termo “americanização” é utilizado no texto “Reinventando a localidade: Globalização heterogênea, escala da cidade e a incorporação desigual de migrantes transnacionais” (Feldman-Bianco, 2009) para designar a maneira como os Estados Unidos influenciavam política e culturalmente os imigrantes transnacionais a substituir seus costumes pelos da cultura norte-americana (à assimilação), sendo estimulados a naturalizar-se como estadunidenses (à naturalização). Muitos transmigrantes portugueses deixaram-se influenciar pelas “campanhas de americanização” (1930) com o objetivo de evitar discriminação, especialmente o estigma de “Black Portuguese”. Ao mesmo tempo, a americanização proporcionava possibilidades de mobilidade política, social e econômica nos Estados Unidos. Desse modo, Bela Feldman afirma que muitos luso-americanos “passaram” para a cultura americana, ainda que retendo, em muitos casos, a língua e as tradições portuguesas.
Fontes
Feldman-Bianco, B. (2000). Globalização, antigos imaginários e reconfigurações de identidade: percursos de uma pesquisa comparativa. Caderno CRH, 13(33).
Antropologia Como Práxis
Feldman afirma que a maioria da população brasileira parece desconhecer o significado de antropologia. Por isso, ela enfatiza que para promover, visibilizar e popularizar essa disciplina faz-se imprescindível priorizar a interação entre educação, ciência e tecnologia, assim como a divulgação científica. A autora define antropologia como uma práxis, ou seja, “ um modo de produzir conhecimento fundamentado em algumas operações epistemológicas que fornecem a base de suas diversas formas de trabalho teórico, orientando suas técnicas de pesquisa e suas coordenadas empíricas.