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Beitrag von Barbara Fritz, Stephany Griffith-Jones, Marcos A. Cintra und Máilson da Nóbrega zur Gründung der BRICs-Bank und des Liquiditätsfonds

News vom 22.07.2014

THE BRICS CONTINGENT RESERVE ARRANGEMENT IS A STEP
TOWARDS MORE FINANCIAL STABILITY

 

Stephany Griffith-Jones[1]

Barbara Fritz[2]

Marcos Antonio M. Cintra[3]

 

The volatility of international capital flows subjects emerging market currencies to boom and bust cycles. During the boom, capital inflows flood their financial markets. Financial assets and real estate appreciate, and exchange rates suffer upward pressure. The bust brings capital outflows and depreciates prices of assets and exchange rates. Interbank and capital markets retract; credit costs increase, debt rollover gets difficult, and credit transactions to foreign trade are disturbed.

When last year the Federal Reserve announced it would start softening its ultra-expansionist monetary policy, the currencies of most emerging markets, especially of India, South Africa and Brazil, went downwards. Central banks of emerging markets had to protect themselves against this tide with contractive monetary policy.  From April 2013 to April 2014, the Central Bank of Brazil for instance raised the policy rate from 7.25% to 11%, one of the highest rates in the world in real terms.

This kind of policy not only lowers economic dynamism. It also creates new uncertainties, as a consequence of its impact on the fiscal balance and the accounts of firms and households. Even if these countries currently are far from being close to another financial crisis, they are forced to maintain capital inflows to finance their current account deficits. In 2013, the current account of Brazil registered a deficit in the current account of 2,4%, and India of 4,7% of GDP. Given this, capital flows have to be maintained, even at the cost of depressing the domestic economies.

What are the alternatives to face financial vulnerability? A significant devaluation of their currencies, followed by a period of stability, would not be a magic solution to every problem; however, it would certainly help regain competitiveness for exporters, thus improving the current account. However, how to accomplish a devaluation of such a magnitude without taking the risk of a cataclysm – capital flight and increasing interest rates, inflation and unemployment? Besides a domestic agreement to refrain transitory price increases, this would require support and coordination from outside. An international institution providing liquidity – guaranteed and supported by domestic reserves – would be required to support this process of controlled depreciation.

The IMF in its origins, back in the 1940s, has been set up to correct exactly this kind of imbalances; however, the Fund of today is far from playing this role. While a global solution is not on the horizon, better alternatives could be devised. Here, the BRICS have realized a double movement: the articulation of a common arrangement to protect against the instability of international capital flows, and the demonstration of solidarity among the major developing economies. At the BRICS summit in Fortaleza, they created a Contingent Reserve Arrangement (CRA) which pools $100 billion. China allocated $ 41 billion; Brazil, Russia and India, $ 18 billion each; South Africa, $ 5 billion (see the Full statement of the BRICS summit).

Each of these countries bears specific fragilities: Brazil, India and South Africa are listed among the 'fragile five', given their high current account deficits, low investment and GDP dynamism, together with increasing domestic prices and interest rates; China has been facing a certain economic slowdown and deleveraging of local governments and of its shadow financial system; Russia has been fighting capital flight. Nevertheless, they dispose of over $3,5 trillion of currency reserves. It is quite improbable that all these countries face external shocks at the same time.

It seems to be important that this mutual support comes without conditionalities (probably with the creation of a secretariat to provide the exchange of information and pursue mutual surveillance). The experience of the Latin American Reserve Fund FLAR comprising a group of Andean countries shows that a regional mechanism can provide liquidity with high speed – which is highly relevant in financial crisis – and without conditionalities. No member country ever defaulted on its debts with FLAR since the mechanism was founded in 1978.

Considering the role that each of these countries plays in its region, they could create and support similar tools of regional financial and monetary cooperation. These might range from bilateral swap arrangements or regional currency pools to payment systems which foster regional trade, among others (see also an UNCTAD study on “Regional momentary cooperation and growth-enhancing policies: The new Challenges for Latin America and the Caribbean”)  This variety of defense mechanisms against abrupt shifts of global capital flows between the BRICS and their neighbors could contribute to reduce uncertainties and improve the governance of the international financial order.

For today, the creation of the BRICS currency reserve arrangement is a highly welcome step which should come to operate quickly. It has the ability to support the BRICS’ insertion into global markets, and helps to avoid austerity and deflationary policies in the more fragile of these economies.

 

[1] Initiative for Policy Dialogue at Columbia University. E-mail: <SGJ2108@Columbia.edu>.

[1] Institute for Latin American Studies at the Free University of Berlin. E-mail: <barbara.fritz@fu-berlin.de>.

[1] Institute for Applied Economic Research (IPEA). E-mail: <marcos.cintra@ipea.gov.br>.

Brics ampliam segurança do sistema financeiro? Sim

19/07/2014  02h00

STEPHANY GRIFFITH-JONES, BARBARA FRITZ E MARCOS A. M. CINTRA: INSTABILIDADE CAMBIAL E COOPERAÇÃO

A volatilidade dos fluxos internacionais de capitais faz com que as economias emergentes fiquem sujeitas aos movimentos de boom e bust. Na euforia, investidores invadem as praças financeiras, valorizam os ativos mobiliários e imobiliários, apreciam as taxas de câmbio. Na crise, desvalorizavam os ativos e o câmbio, o interbancário e os mercados de capitais internacionais se retraem e os custos dos empréstimos se elevam.

Após o anúncio de redução escalonada da política monetária americana ultraexpansionista, as expectativas de desvalorização do real têm sido contidas por uma política monetária restritiva. Entre abril de 2013 e abril de 2014, o Banco Central do Brasil elevou a taxa de juros básica de 7,25% para 11%, uma das maiores do mundo em termos reais. Além de conter a atividade econômica e as exportações, criam-se novas incertezas, em face dos impactos nas contas públicas e nos balanços das empresas e das famílias.

Quais as alternativas para enfrentar essas vulnerabilidades? Uma desvalorização significativa da moeda brasileira seguida por um período de estabilidade cambial não seria uma solução mágica, mas auxiliaria a reestabelecer a competitividade das exportações, melhorando as transações correntes e a percepção de risco do país. Porém, como realizar uma maxidesvalorização sem um cataclisma: fuga de capitais, juros, inflação e desemprego em alta? Além de um acordo interno para conter a elevação temporária dos preços, tal operação requereria apoio e coordenação externa. Um provedor de liquidez internacional –garantido pelas reservas brasileiras– deveria ancorar a desvalorização controlada.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) foi constituído com esta atribuição, mas permanece longe de exercê-la a contento. Diante disso, os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizaram um duplo movimento: a articulação de um sistema de proteção à instabilidade dos fluxos internacionais de capitais e uma demonstração de solidariedade entre as economias emergentes. Na Cúpula de Fortaleza, criaram um Arranjo Contingente de Reservas de US$ 100 bilhões: China contribui com US$ 41 bilhões; Brasil, Rússia e Índia, com US$ 18 bilhões cada um; África do Sul, com US$ 5 bilhões.

Cada um desses países apresentam fragilidades. Brasil, Índia e África do Sul aparecem na lista dos "cinco frágeis", com déficits em conta-corrente, baixo dinamismo do produto e do investimento, alta nos preços e nas taxas de juros. China enfrenta desaceleração econômica e desalavancagem dos governos locais e do sistema financeiro paralelo. Rússia confronta fuga de capital e desvalorização do rublo. Todavia, possuem US$ 5,3 trilhões em reservas internacionais. Pouco provável, portanto, que sofram choques externos simultâneos.

Essa margem de apoio mútuo em termos de provisão de liquidez internacional deveria operar sem condicionalidades (talvez com a criação de um secretariado). A experiência do Fundo Latino-Americano de Reservas mostra que um mecanismo regional de liquidez pode ser ágil nos desembolsos –como exige o enfrentamento de crises– e sem condicionalidades, pois nenhum país-membro deixa de saldar suas dívidas.

E, dado o papel que cada um desses países desempenha em suas regiões, poderiam assegurar instrumentos semelhantes de cooperação financeira-monetária. Essa rede de mecanismo de defesa dos abruptos movimentos de entrada e saída dos fluxos de capitais, entre os Brics e com seus vizinhos, contribuiria para uma melhor gestão da ordem financeira e monetária internacional.

Constitui decisão alvissareira e que deve começar a operar o mais rápido possível, apoiando a inserção internacional desses países e, simultaneamente, evitando um ajuste recessivo e deflacionário nas economias mais vulneráveis.

STEPHANY GRIFFITH-JONES, 67, é diretora de mercados financeiros da Iniciativa para o Diálogo de Política Econômica da Universidade Columbia
BARBARA FRITZ, 49, é professora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Livre de Berlim
MARCOS A. M. CINTRA, 52, é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

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Brics ampliam segurança do sistema financeiro? Não

19/07/2014  02h00

MAÍLSON DA NÓBREGA: LONGE DE SER UM SEGURO PARA CRISES

A criação pelos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) do Novo Banco e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) tem inegável conteúdo político, mas limitada relevância para financiar investimentos ou enfrentar crises.

É meramente retórica, assim, a declaração da presidente Dilma Rousseff, para quem essas instituições constituem "um seguro dos Brics contra a instabilidade do mercado financeiro internacional".

Números dizem melhor. No Brasil, a última crise financeira (2002) foi debelada mediante um acordo com o FMI, quando os mercados receavam que Lula, então candidato à Presidência na liderança das pesquisas, adotasse o temerário programa do PT. As necessidades de financiamento externo eram então de US$ 38,8 bilhões, abrangendo um deficit no balanço de pagamentos em conta-corrente de US$ 7,6 bilhões. O valor da assistência foi de US$ 30 bilhões, ou 77,3% do total.

Estima-se para 2014 um deficit em conta-corrente de US$ 90 bilhões e necessidades de financiamento de US$ 153 bilhões. Se ocorresse nova crise de confiança e precisássemos de assistência semelhante, o valor seria de US$ 118 bilhões. No ACR, podemos sacar uma vez o valor de nossa conta, de US$ 18 bilhões, mas apenas 30% imediatamente (US$ 5,4 bilhões). Os outros 70% dependeriam de um acordo com o FMI.

O FMI ainda é o principal seguro. Nos últimos anos, houve aumento substancial do volume das transações e das necessidades de financiamento de países deficitários.

Ao longo de sua crise (2010), a Grécia recebeu € 110 bilhões (US$ 145 bilhões) do FMI e da União Europeia, ou 50% do PIB. Caso fosse o Brasil, na mesma proporção, seria US$ 1,1 trilhão. Claro, a Grécia foi um caso extremo, mas realça o agigantamento das cifras.

Se uma nova crise envolvesse maior número de países, como em 1982 (América Latina) e 1997 (Ásia), o ACR seria café pequeno. Estaria muito longe de ser um seguro.

Em resumo, os mecanismos relevantes para enfrentar crises financeiras ainda serão por muito tempo o FMI e instituições de países ricos. Na crise de 2008, o Federal Reserve (o banco central norte-americano) ofereceu linhas de crédito para outros bancos centrais. A linha concedida ao Brasil foi de US$ 30 bilhões. O ACR pode contribuir, mas em níveis modestíssimos. Não será um salvador da pátria.

Quanto ao Novo Banco, são exageradas as expectativas do governo brasileiro de que fará diferença para países emergentes. A China não precisará dele. O Brasil tampouco. Já recorre pouco ao Banco Mundial, que empresta essencialmente aos Estados e municípios. O BNDES é sete vezes maior.

Uma das vantagens de instituições como o Novo Banco é captar recursos mais baratos no mercado internacional, repassando o benefício aos tomadores. Para isso, precisa ter classificação de risco triplo A, o que exige administração profissional, critérios técnicos na concessão de crédito e boa governança. Ou seja, tende a ser um Banco Mundial de pequeno porte. Difícil dizer qual sua grande contribuição.

Em resumo, as decisões dos Brics podem ser vistas como uma ação legítima para pressionar os países ricos a reverem a desatualizada estrutura de poder do FMI e do Banco Mundial, ainda presa aos tempos dos acordos de Bretton Woods (1944). É preciso considerar a nova realidade da economia mundial. Não faz sentido, por exemplo, que a Bélgica tenha a mesma participação da China no capital no FMI.

É um exagero, pois, dizer que se criou um novo seguro ou que as novas instituições terão papel relevante para enfrentar crises financeiras internacionais.

MAÍLSON DA NÓBREGA, 71, economista, é sócio-diretor da consultoria Tendências. Foi ministro da Fazenda (governo José Sarney)

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